A Urbanism\Architecture Bi-City Biennale (UABB) em Shenzhen encerrou em fevereiro, mas ao menos um de seus elementos permanecerá vivo. O Floating Fields, projeto de Thomas Chung, Professor Associado de Arquitetura da Universidade de Hong Kong, foi instalado num local da UABB na Dacheng Flour Mills em Shekhou, como demonstração de um conceito para trazer a agricultura de volta para a baía de Shenzhen, com campos alagadiços de agricultura. O projeto recebeu o Biennale Organising Committee Award na cerimônia de fechamento do evento.
Na UABB, o Floating Fields apresentava diversas áreas abertas retangulares, algumas preenchidas com plantações, outras com água, nas quais flutuavam cultivos. No encerramento da Festa da Colheita, dos lotes foram extraídos os vegetais para fazer salada e dos tanques os peixes para fazer uma sopa.
Os patos devem aproveitar pelo menos mais um ano em Dacheng, graças ao fato do comitê de patrocinadores China Merchants manter o Floating Fields. Isto também traz oportunidade a Chung de aprimorar o projeto e continuar com o engajamento da comunidade local.
Sobre o Floating Fields
Thomas Chung
A premissa de Floating Fields é 'Re-viver a Cidade', especulando urbanidade biossocial às bases-locais. O projeto aspira por um viver alternativo e orgânico, baseado na arquitetura pós-industrial revigorada ao criar espaços públicos através de uma paisagem comestível, ao mesmo tempo que revive as raízes da ecologia de policultura (múltiplos agri + aqua-cultura), que uma vez já definiu a morfologia territorial do Delta do Pearl River.
Os habitantes do delta uniram a agricultura, incluindo bicho-da-seda, folhas de amoreiras e cultivo de peixes, à inovadora eco-engenharia, desenvolvendo os diques de amoreira nos reservatórios de peixes, um dos mais afamados exemplos de eco-agricultura intensiva da região. Engendrou um comércio uma vez já próspero a base de água, que havia extinguido, deixando paisagens abandonadas. Da mesma forma, o local da Bienal deste ano, a Antiga Fábrica de Farinha Da Cheng, é produto da rápida urbanização de Shenzhen, uma tentativa monumental que cobriu com concreto, da noite para o dia, as policulturas de mangues de centenas de anos para atender a instantânea difusão da expectante metrópole. A obsoleta fábrica, agora destinada a permitir que a luz natural e flores selvagens penetrarem a água, testemunha a resiliência da natureza.
O Floating Fields busca inspiração no contexto em muitos níveis, buscando ressuscitar o local. A presença de um canal de água correndo diagonalmente pelo recinto, inspira a reintrodução do tema aquático. Correndo pelo antigo dormitório elíptico da fábrica, o canal de água é encaminhado a uma série de reservatórios filtrantes. A ideia é que se estenda ao redor e para fora do edifício, onde o solo de concreto foi fragmentado para formar um grande reservatórios de produção. Parte dos destroços do concreto foi prensado e reciclado em cascalhos para preencher os caminhos por entre os reservatórios. Os mesmos são feitos de tijolos de concreto e complementados com diversas plataformas, degraus, bancos e pavilhões para criar uma paisagem passível de percurso, combinando produção alimentícia e lazer.
As séries de reservatórios conectados que mantém diversas funções aquáticas criam um ciclo ecológico completo da água ao redor do antigo dormitório. O volume foi convertido em um centro multiuso de fontes de aprendizagens com exposições, espaços de usos rotativos, biblioteca e café/restaurante. Uma versão contemporânea do cultivo do dique-reservatório é associado a uma aquaponia pouco tecnológica; as amoreiras são para os casulos do bicho-da-seda dentro do pavilhão; a hidrovia inspira um corredor com tanques filtrantes com plantas que limpam a água e plantas para alimentar os peixes; e microalgas coloridas são sabiamente cultivadas e colhidas para reforçar a purificação da água e produção de alimentos para os peixes.
O ciclo autossuficiente da água começa com uma água residual rica em nutrientes integrada aos reservatórios de alga do pavilhão, e então limpa nos tanques filtrantes de água e purificada no reservatório de lírios. A água 'limpa' então flui através de reservatórios de carpas e patos, para um grande reservatório de aquaponia com terras alagadiças e cercada de amoreiras. Estas terras devolvem oxigênio à água, enquanto absorvem parcialmente seus nutrientes, antes de retornar para o começo no pavilhão de alga. A ideia destas terras é testada como uma agricultura leve e móvel, em diferentes horizontes, em recursos hídricos, preenchendo a cobertura do pavilhão ou do antigo dormitório. Parte da água limpa também é usada para a irrigação da cobertura.
O Floating Fields integra ciclos múltiplos, nos quais, cada reservatório pode ter duas formas de abastecimento de nutrientes, reciclagem de água residual, produção agrícola, purificação de água e elementos paisagísticos, criando mais flexibilidade do que os sistemas convencionais. Os canos conectados dos reservatórios operam como uma ecologia autossuficiente para demonstrar o virtuoso ciclo de um meio agro-urbano híbrido, que pode também se tornar, eventualmente, produtivo e um espaço de lazer público para o usufruto de todos.
Além da paisagem arquitetônica híbrida de lazer produtivo com reservatórios, terrenos, percursos e pavilhões, o Floating Fields gera eventos com grandes repercussões e publicidade da comunidade e da mídia. A Festa do Plantio cedeu a 100 crianças da cidade e suas famílias a chance de semear suas próprias terras alagadiças, pescar peixes e aprender sobre patos, bichos-da-seda e o ciclo da vida de algas. A Festa de Degustação, apoiada pelos grupos locais da CSA (sigla que, em inglês, significa Agricultura Apoiada pela Comunidade), ofereceu às pessoas sopa de peixe e saladas (colhida no próprio local) com discursos sobre agricultura urbana e o potencial das microalgas na arquitetura e na ecologia urbana. A Festa da Colheita no encerramento da Bienal obteve sucesso na colheita do primeiro plantio das terras alagadiças, apresentando os resultados do cultivo das algas, incluindo o fórum "Perspectivas da urbanidade, agricultura e ecologia para vivência biossocial".
Retornando a fundamental revitalização urbana, desmontando a excessiva construção e resumindo um espaço simbólico para a natureza, o Floating Fields espera cultivar alimentos e acalmar a agitada cidade flutuante.